Yara


Mario Ulbrich

Pela mão me conduzindo
Junto ao rio, lâmina de prata,
De águas mansas cristalinas,
Escondido em meio da mata.

Trigueira, corpo escultural,
Ouro puro em rico filão,
Rosto divino, sem igual,
Despertando minha paixão.

Despindo suas etéreas vestes,
Com um aceno me chamando.
Aos poucos me enlouquecendo,
Minha prudência arrebatando.

Cego de paixão me entreguei,
Sem mesmo vir a imaginar,
Que era a Senhora das Águas,
Com feitiço a me cativar.



No mais profundo das águas,
Junto com ela mergulhei.
Seus doces lábios beijando,
Com ímpeto a abracei.

O ar aos poucos me faltando,
Sentindo um garrote no peito,
Sempre para o fundo levado,
Até junto às pedras do leito.

Em um súbito despertar,
Já de volta à minha razão,
Pude minha vida salvar,
Mas ali deixei meu coração.

Sempre retorno ao lugar
E me ponho a pensar,
Seria mais doce minha morte
Do que da perda, meu penar.

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Mario Ulbrich

E-mail: mrs.ulbrich@gmail.com

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